Um teórico da semiótica chamado Charles S. Peirce (1839-1914), afirmou que quando vamos fazer uma leitura estão presentes: a leitura icônica que seria aquela leitura mais literal; a leitura indicial seria a que indica algo, por exemplo, pegadas de um tigre, indicando que um tigre passou por ali; a leitura simbólica, aquela que necessita de uma cultura e de um conhecimento prévio. Peirce afirma que essas leituras vão ad infinito, quer dizer, quando conseguimos ler algo, vamos da leitura icônica, para a leitura indicial, para a leitura simbólica. Isso não pára, cada vez que adquirimos mais conhecimentos, mais leituras e mais novas leituras.
[su_quote]Escrevo tudo isso, para melhor compreensão do processo de construção de um livro.[/su_quote]
Escrever para criança seria escrever de uma forma simples e profunda. Uma boa literatura infantil é uma arte sem idade. Um grande desafio.
Quem é o centro do mundo? Primeiramente, parece ser a história de uma cadeia alimentar e depois se percebe que é uma história ecológica sobre preservação ambiental. Escolhi cinco animais porque temos cinco continentes no mundo. Essa história fala sobre o egocentrismo do homem e a vida no planeta. Acho importante perceber e trabalhar essa temática com as crianças para que aprendam desde cedo a terem uma boa convivência com a natureza e com as outras pessoas.
Essa história também é para o adulto refletir sobre as relações entre os países e para se pensar o que se está fazendo com a nossa casa, o nosso planeta. Temos que ter novas atitudes e construir algo novo. Minha esperança são as crianças….
Outro detalhe do livro é refletir sobre o Sistema Solar, daí se pode conversar sobre os planetas. Perceber que somos uma parte minúscula no universo pode significar termos mais humildade e união para construir um mundo melhor.
Em outros livros continuo a me aprofundar mais sobre esse assunto.
Em O Sonho de ser grande, uma lagartixa que quer ser jacaré, um barbante que quer ser corda e um sapo que quer virar príncipe. Uma história que fala sobre a aceitação de ser o que se é e descobrir a sua grandiosidade. Essa história também faz refletir sobre o tempo e sobre valores de união e solidariedade. Faz uma crítica à atualidade. Quando escrevi essa história estava querendo criticar a Indústria Cultural, que é um conceito desenvolvido pela Escola de Frankfurt. Isso significa que o mundo midiático, televisão e diferentes propagandas, exige que você seja um monte de coisas que você não é. Isso traz infelicidade. O tempo das pessoas é desesperador e opressor. E o desafio da história é encontrar a felicidade. Encontrar a felicidade pode ser ir contra toda essa estrutura massacrante e vencer desafios. Isso seria a vitória e o encontro com a grandeza. A criança poderá trabalhar o seu valor e o valor do outro. O valor do ser que é diferente do ter, e pensar sobre união e solidariedade. Essa história também serve para muitos adultos.
Um amor de miau foi um livro que traz a questão do cuidado com os animais e a paciência que temos que ter ao cuidar deles. E também fala sobre dois momentos de profundo cuidado e amor: a fase da infância e a fase da velhice.
Historia de jacaré é uma história que narra sobre esse animal que viveu a milhares de anos, sobreviveu a várias transformações do planeta e hoje corre risco de extinção. É uma história que também trata sobre poluição das águas e dos rios.
Gotinhas no mundo: de gotinhas se faz o rio, de gotinhas se faz o mar e a gente pode ser gotinhas no mundo, por isso escrevi essa história. Esse livro escreve sobre o ciclo da água e sobre a natureza. “Quem é o centro do mundo?” focaliza a guerra e “Gotinhas no mundo” ressalta a paz.
Meu avó era cearense, meu pai é maranhense e grande recitador de Pativa do Assaré. Eu me tornei cordelista. Escrevi o cordel “Brincadeiras de crianças” para através do resgate de brincadeiras explicar o valor da democracia.
Depois escrevi um outro cordel para crianças “A bela e a fera em cordel” e nesse livro tem um lindo teatro de cordel. Primeiro transformei o conto em cordel e depois fiz um teatro de cordel. Acredito que com esse livro a criança poderá se divertir, brincar e gostar do cordel que é patrimônio cultural brasileiro.
Quem está bem? Escreve sobre a escuta sensível, e sobre a água, sobre a preservação animal e sobre solidariedade e união. Cada animal representa um direito fundamental do homem: alimentação, moradia, transporte, vestuário, futuro dos filhos que pode ser educação e saúde. E o elemento condutor de reflexão é a extinção da água. Esse livro traz muitas reflexões importante para o mundo de hoje.
Nos meus livros estão presentes o tema justiça. Querer justiça é querer transformar vidas e querer mais harmonia e alegria para todos.